Daniela Talamoni Verotti e Jeanne Callegari (novaescola@atleitor.com.br)
Meios de levar o aluno a aprender
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VELHOS
AMIGOS Permanecer na
mesma turma desde a 3ª série foi
fundamental paragarantir a evolução
de Matheus.
Foto
Marcelo Min |
(leia
o quadro acima).
Inclusão Social...educação e diversidade
A nova política começou a mudar os padrões ao definir com clareza como deve ser oferecida a Educação para todos os que têm deficiência. Não por acaso, nesse mesmo ano, pela primeira vez, o número de alunos com necessidades especiais no ensino regular superou o de matriculados em salas especiais (veja o gráfico).
Na sala da professora Hellen, o desafio no primeiro
ano de Matheus era outro: mudar o padrão de comportamento do aluno autista que
insistia em não se comunicar com ninguém. Ele sabia ler e precisava falar, se
expressar. Assim como fazia com toda a turma, Hellen o incentivava a ler as
histórias e conversar sobre elas. No início, o garoto apenas repetia respostas
e isso já era uma vitória. Mas ela queria que Matheus se comunicasse
espontaneamente. Durante a chamada, a professora Hellen sempre fazia uma pausa
após o nome dele, na esperança de ouvir a resposta. Nada acontecia. Até que um
dia, para a surpresa de todos, ele disse "presente". "A turma
inteira bateu palmas. A partir desse momento, ele começou a se comunicar, a
dizer o que queria."
Graças à conquista da comunicação, Hellen passou a contar cada vez mais com a
participação de Matheus. Assim, descobriu outras possibilidades, estudou,
trocou experiências com colegas, observou e avaliou a interação do menino com
as propostas que fazia e, assim, organizou diferentes atividades para que ele
pudesse aprender ainda mais. No fim da 1ª série, Matheus já escrevia, ainda que
tivesse dificuldade para controlar o tamanho da letra.
No ano seguinte, porém, vários colegas com quem Matheus estudava saíram da sala. A nova professora também não se sentia segura para incluir o aluno. Matheus se sentiu perdido e regrediu. Parou de ler e de escrever, voltou a ser agressivo e a abandonar a sala de aula. Em lugar de ir para o bebedouro, porém, ele se refugiava na turma de Hellen. Aquela professora da 2ª série sofria com as mesmas dúvidas que até hoje desanimam muitos colegas (conheça, no quadro abaixo, programas de formação na área).
Por que incluir? Será que as crianças com deficiência não aprendem mais em classes separadas, com professores especializados e dedicados apenas às necessidades delas? Quem responde é Maria Teresa Eglér Mantoan, docente da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e uma das pioneiras no estudo da inclusão no Brasil: "A escola regular é mais desafiadora e um ambiente desafiador é mais propício ao aprendizado".
Não apenas as crianças com deficiência são mais desafiadas. Os outros alunos também ganham muito com a inclusão. A flexibilização de recursos pode ajudar todos a aprender mais. Se o educador utiliza um modelo em 3D para ensinar o Sistema Solar, por exemplo, não só os que têm deficiência auditiva avançam mais mas também toda a classe tem acesso a um recurso que facilita a compreensão do conteúdo. "O professor que está preparado para a inclusão está preparado para atender todas as crianças", diz Cláudia Pereira Dutra, secretária de Educação Especial do Ministério da Educação (MEC). "A inclusão obriga o sistema educacional a se repensar, a descobrir novas formas de ensinar", completa Maria Teresa. "Muda o entendimento do que é aprendizagem."
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